Para além do ato fotógrafo e fotografado, a fotografia é a minha maneira de criar conexões. Ligações, entre mim e o outro. Entre as formas de cultura e de modos de vida. É a minha forma de comunicar, de destruir e reconstruir signos e significados, pré-conceitos, como ferramenta e exercício político. Longe de mim sobrepor poéticas às questões reais: conflito, luta, força, resistência e existência. Mas é essa mesma beleza da imagem que gera a aproximação por encontros. Sejam os físicos, seja pela fotografia que chega até os olhos da pessoa distante dessas realidades. Essas ligações se dão no encontro dos diferentes, na transformação de si, por meio de lugares e histórias que não se ocupam, mas também navegam nas águas da igualdade. Eu, menina do interior. Tenho em minhas memórias muito do que vejo nos lares das comunidades em que mergulho: as fotografias de família, as casinhas de taipa, o campo, as águas, o canto do galo, os grandes quintais com primos, netos e avós, as redes de pesca, as brincadeiras na terra, as imagens de santos, mãe d’água, pomba, pajé. É registrar vida com afeto. É meu instrumento a favor das lutas pela resistência da memória, do bem viver e das existências.


Ingrid Barros (Maranhão, Brasil). Advogada, fotógrafa e documentarista voltada para o jornalismo e cinema independente. Tem atuado no jornalismo cultural, na defesa de povos e comunidades tradicionais do Maranhão e em temáticas de direitos humanos. Realiza colaborações para a Comissão Pastoral da Terra Maranhão, é editora do site local independente “Sobre O Tatame” e já contribuiu para agências nacionais como El País Brasil, Brasil de Fato e Vice Brasil.


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Publicado por:Philos

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